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16 October 2019
Tecnologia

Não culpe a tecnologia

Pensando em transformação e transformação digital, o que vem imediatamente na cabeça (e sobre o que mais se tem escrito) é o medo. Falamos muito sobre a resistência para mudanças, porque pensamos que a mudança fará com que possamos perder algo que já havíamos conquistado, ou por medo de não sermos capazes de nos adaptar aos novos paradigmas. Recomendo a leitura de “The evolution man, or how I ate my father” de Roy Lewis, uma sátira sobre o medo e a evolução contada através de uma família da época pleistocena e de um entorno cheio de anacronismos. Bastante divertida.

Somos capazes de entender a sensação incomoda da vulnerabilidade ou inferioridade quando as coisas deixam de ser como eram e o que chamamos de “zona de conforto” desaparece, nos deixando desconfortáveis. Frente a esta situação, com medo e tudo o mais, temos duas opções: seguir como antes ou começar a buscar novos caminhos e formas de atuar. Nos transformar.

Há mais de 20 anos, durante a primeira euforia .com, estava na moda um livro muito simples: “Quem roubou meu queijo”. Certamente alguns irão lembrar porque foi um “best seller” nas livrarias e um conteúdo bastante utilizado para explicar as mudanças que começaram a se produzir frente a uma tecnologia já ao alcance de todos. Em formato de fábula, Spencer Johnson explica a necessidade de enfrentar mudanças, e buscar novos caminhos (tanto no trabalho como na vida pessoal), de superar os medos e o que não perdemos se não o fazemos.

Podemos ver as transformações como um inimigo ou contemplar a evolução, as novas tecnologias e as novas perspectivas como uma oportunidade para construir algo novo e melhor. Prefiro esta segunda opção, mas como fazemos com os medos? O que fazer com o território conquistado? Como enfrentar um mundo cada vez mais alienígena quando a sucessão de mudanças é exponencial?

Existe uma ferramenta gratuita e de código aberto onde todos tem acesso, mas nem todos exploram: a curiosidade.

Ao longo da minha vida aprendi que o motor mais importante para a mudança é a curiosidade. As pessoas que exploram sua curiosidade são as que fazem mundos melhores, buscam e encontram caminhos melhores. Entre as características que reúnem as mentes curiosas estão: a paixão pelo desconhecido, energia para a experimentação infinita e os recursos para superar a frustração.

A curiosidade não tem medo frente ao novo (ou consegue superá-lo) nem a transformação, nem a tecnologia; com isto, os avanços tecnológicos são uma porta aberta para a imaginação. Certamente para as mentes curiosas que provam, se enganam e encontram novos caminhos já existem fórmulas melhores do que o envelhecimento massivo para acabar com células cancerígenas. Alguém pensou: e se as congelarmos? Pois sim, algumas morrem.

Além disso, as pessoas curiosas não se cansam de provar e isto está muito vinculado com sua capacidade para lidar com a frustração. A recompensa da inovação é superior à dor do equívoco, o que os faz seguir provando para chegar às soluções novas e melhores. Lembramos também da resposta de T. A. Edison, quando um de seus discípulos perguntou se ele não desanimava frente a tantos fracassos: Não fracassei, apenas descobri 999 maneiras de como não fazer uma lâmpada”.

A boa notícia para todos que querem criar uma cultura de mudanças em suas empresas é que somos todos curiosos, e alimentar a curiosidade é fácil. Apenas temos que repassar tudo o que fazemos e nos perguntar o que aconteceria se fizéssemos de outra forma ou se utilizássemos outras ferramentas ou se mudássemos as estruturas ou se... e não desistir do empenho para encontrar melhores metodologias, processos, vias de negócio, ainda que exista o fracasso durante algumas das tentativas. A tecnologia é apenas uma facilitadora, e não a culpada.

Submitted by:
Mayte Ruiz de Velasco
Business Transformation Manager